Além de ser escritor Sir Arthur Conan Doyle, também era médico, jogou
futebol amador, críquete, boliche e golfe. Ele também foi pugilista, corredor
de automóvel e inventou o capacete de aço e o salva-vidas. Reza a lenda que
depois do sucesso de seu Sherlock Holmes, algumas vezes ele ajudava a polícia a
resolver casos, com seu método de dedução. Mas é pouco provável que mesmo
alguém com tão diversas habilidades quanto ele fosse capaz de prever o sucesso
que seu detetive faria tanto tempo depois. Podemos citar a divertida série
cinematográfica dirigida por Guy Ritchie, o seriado House MD que tem claras
influências em Holmes, especialmente no racionalismo dos protagonistas e as
deduções. E além disso a CBS está produzindo Elementary, uma nova série em que
Watson é uma mulher (?)
Entre tantas produções feitas sobre o detetive, Sherlock se destaca. A
série foi produzida em 2010, tendo duas temporada, cada uma com três episódios
de noventa minutos.
A primeira coisa que chama atenção é que a história se passa nos dias de
hoje, e o que poderia ser um ponto negativo acaba se tornando um dos fortes da
série. Vários elementos dos livros foram bem adaptados para século XXI, quem
leu Um estudo em vermelho sabe o que acontece é relatado pelas memórias de Watson
em seu diário, na série o medico posta os casos em um blog, o mesmo acontece
com Sherlock que tinha publicado seu artigo A ciência da dedução no jornal e
aqui ele publica a mesma matéria em seu Website. Com esse pequenos detalhes a
série se mantem fiel ao espírito dos livros. Também outras várias coisas foram
mantidas exatamente como eram, o apartamento no 221B da Baker Street, o
violino, a lupa. E já que a história se passa nos dias de hoje a produção
utiliza belas tomadas externas de Londres, incluindo a London Eye.
No campo da atuação o elenco é impecável. Benedict Cumberbatch faz um
Sherlock memorável, é verdade que a primeira vista ele parece ser jovem demais
para o papel, mas a grande atuação dele compensa. Um exemplo disso é no
episódio The Great Game, da qual ele tem apenas 10 segundos para resolver um
enigma ou uma criança morre. O desespero que ele consegue transmitir nos poucos segundos em que tenta resolver o
enigma é algo bem palpável. Martin Freeman também faz um bom Doutor Watson,
dando o carisma certo para o mal-humorado personagem.
Um detalhe digno de nota é o Moriarty de Andrew Scott. Ele simplesmente
faz um dos melhores vilões dos últimos tempos. Sua atuação passa com leveza do
sério para o cômico, as vezes cartunesco, ora intimidador. O timbre de voz, um
pouco mais agudo que o normal, a forma quase infantil que ele diz suas falas,
para depois simplesmente gritar com a voz grave. Tudo isso contribui para um
Moriarty épico e completamente assustador.
Da parte do roteiro, algo interessante é a forma como as deduções de
Sherlock aparecem na tela, cada informação que Holmes descobre é mostrada, seja
com letras, números, ou os possíveis fatos para a solução de um enigma. Tudo
isso da sensação de como a mente de Sherlock Holmes funciona.
Até agora a série já teve seis episódios, sendo que o único abaixo da
media foi The Blind Banker, segundo episódio da primeira temporada e mesmo
assim teve mais qualidade que muitas séries de hoje em dia.
O último episódio da segunda temporada foi incrível, talvez o melhor de
todo seriado, nele temos finalmente o confronto entre Holmes e Moriarty. O
final foi surpreendente e teve muita gente assistindo os 5 minutos finais para
tentar entender o que aconteceu, cada um formulando a sua teoria.
A terceira temporada será filmada em janeiro de 2013 sendo lançada em
agosto. Boatos dizem que essa seria a última, o que seria uma pena, por que
mesmo com doses homeopáticas de três episódios por ano, é sempre bom ver
Sherlock, a melhor serie de investigação da atualidade.